O que esperar do trabalho de parto? Etapas e sinais que você precisa conhecer

A gestação é um período repleto de descobertas, e quando o momento do nascimento se aproxima, é natural que surjam dúvidas e expectativas sobre o trabalho de parto. Saber o que acontece com o corpo nesse processo pode fazer toda a diferença para vivenciar essa experiência com mais segurança e tranquilidade.

O trabalho de parto é um evento fisiológico complexo, no qual o corpo se prepara para trazer o bebê ao mundo. Cada mulher pode vivenciá-lo de maneira única, mas existem sinais e etapas bem definidos que indicam sua evolução.

Neste artigo, você vai entender como identificar os primeiros sinais do trabalho de parto e quais são as fases desse processo, permitindo que você se sinta mais preparada e confiante para esse momento tão especial.

O que é o trabalho de parto?

O trabalho de parto é o conjunto de eventos que ocorre no corpo da gestante, preparando-a para o nascimento do bebê. Ele envolve contrações uterinas regulares e progressivas que ajudam a dilatar o colo do útero, permitindo que o bebê se mova pelo canal de parto até o nascimento. É um processo natural e essencial para a chegada do bebê, mas pode ser uma experiência muito diferente de mulher para mulher.

Existem duas fases principais dentro do trabalho de parto: os pródromos e o trabalho de parto ativo. Ambos fazem parte do mesmo processo, mas têm características distintas.

– Pródromos:
Também conhecidos como “falsos trabalho de parto”, os pródromos são sinais iniciais que indicam que o corpo está se preparando para o trabalho de parto, mas não são ainda contrações regulares ou suficientemente fortes para iniciar o processo ativo. Essas contrações podem ocorrer com intervalos irregulares e, muitas vezes, não resultam em dilatação do colo do útero. Elas podem ser desconfortáveis, mas não são definitivas. É comum que as gestantes confundam os pródromos com o início do trabalho de parto.

– Trabalho de parto ativo:
Quando o trabalho de parto se torna ativo, as contrações começam a ficar mais regulares, intensas e frequentes. Nesse estágio, o colo do útero começa a se dilatar de forma progressiva (normalmente a partir de 3 cm), e o corpo se prepara de forma mais evidente para o nascimento do bebê. Essa fase é caracterizada por contrações mais fortes, que ajudam a empurrar o bebê para baixo, em direção ao canal de parto. O trabalho de parto ativo é o momento em que, efetivamente, o nascimento está mais próximo.

Compreender essas diferenças pode ajudar a gestante a identificar em que fase ela se encontra e a tomar decisões mais assertivas sobre quando ir para a maternidade ou procurar ajuda médica.

Quais são os sinais de que o trabalho de parto está começando?

Saber identificar os sinais de que o trabalho de parto está começando pode ajudar a gestante a se preparar para o grande momento. Embora cada mulher tenha uma experiência única, existem alguns sinais comuns que indicam que o corpo está se preparando para o nascimento do bebê.

– Contrações regulares: como diferenciar das contrações de treinamento
Durante a gestação, é comum que a mulher experimente contrações irregulares, também chamadas de contrações de treinamento ou contrações de Braxton Hicks. Elas não indicam o início do trabalho de parto, sendo uma forma do corpo se preparar para o parto real. Essas contrações são geralmente irregulares e podem ser desconfortáveis, mas tendem a diminuir ou desaparecer com o descanso ou a mudança de posição.
Já as contrações do trabalho de parto são mais regulares, aumentando em intensidade e frequência. Elas geralmente duram de 30 a 60 segundos e ocorrem a cada 5 a 10 minutos. Se você perceber que as contrações estão ficando mais fortes e frequentes, pode ser um sinal de que o trabalho de parto está começando.

– Perda do tampão mucoso: o que significa?
O tampão mucoso é uma substância espessa e gelatinosa que sela o colo do útero durante a gestação, protegendo o bebê contra infecções. Quando o colo começa a se dilatar, o tampão pode ser expelido, muitas vezes com vestígios de sangue. Sua perda pode ocorrer dias ou até semanas antes do início do trabalho de parto.
Embora a perda do tampão mucoso seja um sinal de que o corpo está se preparando para o parto, ela não indica que o nascimento acontecerá imediatamente. Em alguns casos, o tampão mucoso pode ser expelido e o parto ainda demorar para acontecer.

– Ruptura da bolsa: sempre significa que o parto está próximo?
A ruptura da bolsa amniótica, também conhecida como “romper a água”, ocorre quando o saco que envolve o bebê se rompe, liberando o líquido amniótico. Em algumas mulheres, a bolsa pode romper espontaneamente antes do início do trabalho de parto, mas em outras, o rompimento ocorre durante o trabalho de parto.
Embora a ruptura da bolsa seja um sinal de que o parto está próximo, ela não significa que o bebê nascerá imediatamente. Após a ruptura, é importante que a gestante vá para a maternidade, pois o risco de infecção aumenta, e o trabalho de parto pode começar em algumas horas.

– Outros sinais (dor lombar, pressão na pelve, mudanças intestinais)
Além dos sinais mais conhecidos, outras mudanças no corpo podem indicar que o trabalho de parto está próximo:

Dor lombar: Muitas mulheres sentem dor nas costas, especialmente na parte inferior da coluna, à medida que o bebê se posiciona para o nascimento.
Pressão na pelve: À medida que o bebê desce para a posição de nascimento, a gestante pode sentir uma pressão crescente na pelve, o que pode ser desconfortável ou até doloroso.
Mudanças intestinais: Algumas mulheres podem perceber que têm a necessidade de evacuar com mais frequência ou podem experimentar diarreia. Isso acontece devido à pressão do bebê sobre os intestinos e a liberação de hormônios que preparam o corpo para o parto.

Esses sinais podem ser diferentes de mulher para mulher, mas é importante estar atenta e procurar orientação médica caso haja qualquer dúvida sobre a evolução do trabalho de parto.

As etapas do trabalho de parto

O trabalho de parto é dividido em três fases principais, cada uma com características próprias. Entender o que acontece em cada uma delas pode ajudar a gestante a se preparar melhor para o momento do nascimento.

Fase 1: Dilatação

A fase de dilatação é a primeira e mais longa do trabalho de parto, e é quando o corpo começa a se preparar para o nascimento do bebê.

Latente (até 5 cm):
Durante essa fase inicial, as contrações começam a se tornar mais regulares, mas a dilatação do colo do útero é ainda lenta. A gestante pode sentir desconforto e algumas contrações, mas o processo ainda não está muito intenso. É o momento em que o corpo começa a se preparar, e é importante ficar atenta aos sinais do corpo, mas geralmente é possível esperar em casa ou em um ambiente confortável até que as contrações se tornem mais frequentes e intensas. Caso as contrações comecem a ocorrer de forma regular, com intervalos mais curtos (cerca de 5 a 7 minutos), é hora de procurar o profissional.

Ativa (6 cm em diante):
A partir dos 6 cm de dilatação, a fase ativa começa. As contrações se intensificam e se tornam mais frequentes, com intervalos menores, e o colo do útero continua a dilatar. Essa fase pode durar algumas horas, e a gestante pode sentir uma dor mais forte e contínua. O corpo começa a se preparar para o bebê descer pelo canal de parto. Durante essa fase, a gestante pode querer se concentrar na respiração e no alívio da dor, e também pode ser mais difícil conversar ou se mover, já que as contrações estão mais intensas.

Transição (8 a 10 cm):
Esta é a fase mais intensa da dilatação, geralmente entre os 8 e 10 cm. As contrações são muito fortes, podendo durar de 60 a 90 segundos e ocorrer com intervalos de apenas 2 a 3 minutos. É normal sentir uma pressão intensa na pelve, além de dor nas costas e no abdômen. A gestante pode sentir uma vontade de empurrar, mesmo antes de atingir os 10 cm de dilatação. Nesse momento, é importante estar acompanhada por um profissional que saiba orientá-la e garantir que a fase de expulsão comece no momento certo.

Fase 2: Expulsivo

Após a dilatação completa, começa a fase de expulsão, quando o bebê finalmente desce pelo canal de parto até o nascimento.

Reflexo de puxo e a importância da respiração:
O reflexo de puxo é uma sensação incontrolável que surge quando o bebê está descendo pelo canal de parto e a gestante sente vontade de empurrar. É importante respeitar esse reflexo, mas também saber controlar a respiração para não forçar demais e evitar lesões. Técnicas de respiração, como a respiração abdominal ou em forma de “respiração de fogo”, podem ser muito úteis para manter o controle e evitar a exaustão. O médico ou enfermeira também pode orientar a gestante sobre quando empurrar e quando fazer pausas.

Tempo médio dessa fase:
A fase expulsiva pode durar de 1 a 3 horas para uma primeira gestação, mas pode ser mais rápida em gestações subsequentes. Mulheres que têm parto vaginal assistido com o uso de fórceps ou ventosa podem ter um tempo de expulsão mais curto.

Posições para favorecer o nascimento:
Algumas posições podem ajudar a acelerar o nascimento, além de proporcionar mais conforto para a gestante. Posições como de cócoras, deitada de lado, ou de quatro podem ajudar a abrir a pelve e facilitar a passagem do bebê. O profissional de saúde que acompanha o parto pode sugerir as melhores posições de acordo com a situação e o conforto da gestante.

Fase 3: Dequitação da placenta

Após o nascimento do bebê, a terceira fase é a dequitação da placenta, quando o útero expulsa a placenta e o cordão umbilical.

Como acontece e quanto tempo dura:
A dequitação da placenta ocorre logo após o nascimento do bebê, geralmente entre 5 a 30 minutos depois. O útero começa a se contrair novamente, ajudando a desprender a placenta das paredes uterinas. É comum sentir algumas contrações mais leves durante esse processo. O médico ou parteira pode auxiliar a gestante a empurrar para ajudar a expulsar a placenta.

Cuidados pós-nascimento:
Após a expulsão da placenta, o médico pode verificar se a placenta foi expulsa completamente, garantindo que não haja fragmentos retidos que possam causar infecção. A gestante pode sentir um leve sangramento e, em alguns casos, um desconforto leve nas primeiras horas após o parto. O cuidado imediato inclui a observação do estado da mãe e do bebê, a amamentação precoce, e o início do processo de recuperação.

Como se preparar para o trabalho de parto?

A preparação para o trabalho de parto vai além do conhecimento sobre as fases e sinais de que o bebê está a caminho. Preparar o corpo e a mente para o momento do nascimento pode proporcionar mais conforto, confiança e até reduzir o tempo de trabalho de parto. Aqui estão algumas dicas essenciais para se preparar da melhor forma possível:

Importância da fisioterapia pélvica

A fisioterapia pélvica tem um papel fundamental na preparação para o parto, especialmente para as mulheres que desejam um parto normal. O fortalecimento e o relaxamento dos músculos do assoalho pélvico, que sustentam a bexiga, o útero e os intestinos, podem ajudar a tornar o trabalho de parto mais eficiente e reduzir o risco de complicações, como lacerações perineais ou incontinência urinária pós-parto. Além disso, a fisioterapia pélvica prepara o corpo para a melhor utilização das contrações durante o trabalho de parto, favorecendo uma dilatação mais progressiva.

Exercícios que ajudam na dilatação e alívio da dor

Existem diversos exercícios que podem ser realizados durante a gestação para auxiliar no processo de dilatação no momento do parto e aliviar dores durante o trabalho de parto. Alguns exemplos incluem:

Exercícios de relaxamento do assoalho pélvico: São importantes para evitar que a musculatura fique tensa, ajudando na período expulsivo.

Alongamentos da pelve: Exercícios que alongam e abrem a pelve, como as posições de “gato e vaca” ou “quadrúpede”, ajudam a preparar o corpo para o bebê passar pelo canal de parto.
Exercícios com bola suíça: Sentar na bola e realizar movimentos circulares ou de balanço pode aliviar a pressão na pelve e reduzir o desconforto nas costas.
Agachamentos: Aumentam a abertura da pelve e favorecem a descida do bebê. Podem ser feitos com o auxílio de uma barra ou apoio para maior estabilidade.

Esses exercícios, quando realizados de forma regular, ajudam a fortalecer a musculatura do corpo, tornando o trabalho de parto mais eficiente e, muitas vezes, mais rápido.

Entender o que esperar do trabalho de parto e se preparar para esse momento crucial pode fazer toda a diferença na experiência do nascimento. Desde reconhecer os sinais iniciais, como as contrações regulares e a perda do tampão mucoso, até compreender as etapas do trabalho de parto, cada informação contribui para tornar esse processo mais tranquilo e menos assustador.

A fisioterapia pélvica, os exercícios para a dilatação, as técnicas de respiração e relaxamento, além do apoio de uma equipe de profissionais qualificados, são recursos valiosos que podem ajudar a gestante a se sentir mais confiante e preparada para o trabalho de parto. Além disso, o plano de parto é uma ótima forma de estabelecer suas preferências e garantir que seus desejos sejam respeitados, sem esquecer que a flexibilidade é essencial para qualquer situação imprevista.

É fundamental, porém, lembrar que cada parto é único, e o corpo tem seu próprio ritmo. Respeitar esse tempo, ouvir as orientações médicas e confiar no próprio corpo são atitudes que podem proporcionar uma experiência mais positiva e empoderadora.

Buscar conhecimento e apoio profissional é um passo essencial para vivenciar o parto com mais segurança e serenidade. Ao se preparar da maneira mais completa possível, você estará mais apta a lidar com os desafios desse momento e vivenciá-lo de forma mais consciente e tranquila.

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